quinta-feira, 23 de abril de 2015

O Sorriso da Fé



As cirurgias em crianças pequenas deixam todos, mas, principalmente, os pais, com o coração na mão.
Entregar a vida de um amado seu nas mãos de um estranho, é uma tarefa das mais doloridas.
Num momento ele está ali com você, brincando, abraçando, se divertindo, sem saber o que o espera adiante. Logo mais, está numa maca hospitalar, desacordado – anestesia geral.
Talvez seja a primeira lição de desapego que a vida dê aos pais...
E foi assim com aquela menininha de três anos. Chegou no hospital, serelepe, às sete horas da manhã, como se fosse um dia normal de brincadeiras.
Como a maioria das crianças, ela não gostava muito das consultas médicas em que o doutor ou doutora ficava revirando-a de cima para baixo, de baixo para cima, cutucando aqui, medindo isso, medindo aquilo.
Se pensasse como adulto, certamente perguntaria: Como esses médicos encontram tantos orifícios em mim para colocar esses instrumentos estranhos e gelados?
Então, quando viu seu pediatra, todo paramentado, de máscara, touca, jaleco, percebeu que algo estranho estava acontecendo.
Encolheu-se, olhou para a mãe e o ficou encarando.
Os pais, que a haviam preparado há alguns dias, explicando o que iria acontecer, voltaram a dizer, com palavras simples, que aquele tio iria ajudá-la a respirar melhor, a ficar menos doente.
Não mentiram, nem enganaram a criança, dizendo que não iria doer. Sabendo do pós-operatório, sofrido para os pequenos, explicaram que estariam ao lado dela quando voltasse a acordar, e que a dor iria passar.
E lá foi a mãe, carregando a menina até a cama cirúrgica onde seria sedada. O receio seria a reação dela quando desse conta de que estava num centro cirúrgico.
Porém, ela surpreendeu a todos. Deitou-se calmamente. No ambiente havia outros profissionais e, quando lhe colocaram a máscara com o sedativo, ela ergueu os olhos, abriu um sorriso enorme e, então,cerrou as pálpebras.
Mais tarde, o anestesista residente, encantado, dirigiu-se à mãe e relatou: Que anjinho. Nunca ganhei um sorriso tão verdadeiro assim...
Ela confiou neles. Ela confiou nos pais. Ela confiou.

*   *   *

Como anda nossa confiança em Deus?
Será que enxergamos o Criador como esse médico experiente que sabe o que faz, a quem entregamos nossas vidas?
Às vezes, o entendemos da mesma forma que uma criança de três anos entende o conhecimento de um profissional de décadas de experiência –quase nada.
E isso é perfeitamente normal. Essa criança vai crescer e um dia vai compreendê-lo melhor.
Mas enquanto não o compreende, pois não o conhece, ela tem os pais para lhe dizer: Pode confiar. Ela tem os pais para lhe mostrar a verdade do que vai acontecer, a verdade adaptada à sua realidade.
É assim conosco, é assim com a verdadeira religião, a que nos liga ao Criador através do sentimento e da razão.
O sorriso da fé é a certeza de que tudo que nos acontece é para nosso bem, gostemos ou não, seja agradável ou não.
A fé nos dá uma visão mais ampla sobre a existência. Ela nos tira da caverna e começa a nos mostrar a luz lá de fora.



Redação do Momento Espírita

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