terça-feira, 12 de agosto de 2014

Alcoólatras



Quadro Pungente

Alcoólatra vampiro alça a boca debalde, 
Ébrio desencarnado, a hedionda sede aguça. 
Híspidos lábios lambe e escancara a dentuça, 
Tateia o vidro, em vão, do frasco verde e jalde. 

Rápido, caça alguém no remoto arrabalde, 
Alcoólatra encarnado encontra e lhe refuça 
A goela que se inflama, enrubesce e empapuça, 
Como a sacar de si mais sede que a rescalde. 

Agarra-se o vampiro ao bêbado por entre 
As vértebras do peito e as vísceras do ventre, 
Toma-lhe o braço e o corpo... Estala a língua bronca! 

A dupla bebe, bebe... E, às tontas, na calçada 
Cai de borco no chão, estira-se largada, 
Delira, geme, dorme, espolinha-se e ronca... 



Francisco Cândido Xavier -  Honório Armond

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